Aceitação nas Escolas

A integração/aceitação do aluno na sala de aula do ensino regular é uma concretização da necessidade de mudança de atitude face ao ensino tradicional

Para uma criança ou jovem estar integrado/ser aceite numa escola é necessário ter uma resposta organizada para as suas necessidades educativas e essa resposta educativa é da competência da escola da sua área de residência. 

Torna-se assim necessário que a criança ou jovem se sinta num clima seguro para participar de uma forma mais completa tanto na vertente académica como na social. ” Criar este clima securizante passa pelo reconhecimento, por parte do professor, do aluno enquanto pessoa, com um determinado património sociocultural, com os seus interesses, necessidades, experiências, saberes e dificuldades. Este reconhecimento alarga-se ao grupo turma onde a heterogeneidade se evidencia e exige que não ensine todos os alunos como se fossem um só – o aluno médio – mas se criem condições para um ensino individualizado, no sentido dos percursos e das regulações” (Benavente, 1992 ; Perrenoud, 1995, citado por Cadima e outros, 1995). 

Exemplo:
No ano lectivo passado tive um aluno com Necessidades Educativas Especiais (Paralisia Cerebral), no 12º ano, que por acaso já era muito bem aceite pela turma, havendo uma relação de companheirismo incrível, entre eles (esta turma teve quase sempre os mesmos alunos desde o 7º ano de escolaridade). Claro que este aluno só conseguiu completar o ensino secundário com alguma diversificação de materiais, actividades e muito trabalho por parte da professora do Ensino Especial que sempre o acompanhou. Todas as disciplinas elaboraram planificações adequadas e que permitiram ao aluno acompanhar com o devido sucesso todas as matérias (de salientar que tirou nota 17 no exame nacional de Matemática B, e que entrou no Ensino Superior para o Curso de Engenharia Informática). Os professores tiveram sempre, em conta, uma fexibilização do currículo, considerando uma variedade curricular que se adequasse às características individuais do aluno. A escola preparou uma Sala para essa turma, pois este na maioria das vezes deslocava-se de cadeira de rodas. A maioria dos testes, trabalhos e outras actividades eram realizadas no computador, pois este tinha muita apetência para as Novas Tecnologias da Informação (por exemplo, à mão escrevia muito devagar e com muita dificuldade, e no computador conseguia fazê-lo com muita muita rapidez). A família acompanhou sempre de muito perto este aluno, o que facilitou o seu processo ensino-aprendizagem, bem como a sua integração na comunidade escolar. 


Na minha opinião, aceitar um aluno com todas as suas dificuldades e diferenças, não é incidir num currículo nem num método educativo simplificado, mas antes prestar-lhe o apoio necessário, diversificar estratégias, tentando com este aluno consiga atingir os mesmos objectivos dos outros alunos (isto claro, quando é possível…). 

Há que reconhecer que o contacto e o convívio, no plano formal e informal, entre alunos com e sem dificuldades, entre alunos com e sem deficiências, é um meio insubstituível de normalização de comportamentos; é uma oportunidade de criar laços de vinculação e de relações afectivas. Estas relações interpessoais podem vir a tornar-se um suporte emocional fundamental no desenvolvimento de crianças com necessidades educativas especiais. Por outro lado, os alunos, ditos “normais”, poderão desenvolver uma maior capacidade afectiva e de aceitação das diferenças individuais. E este, felizmente, foi o exemplo do Joel, o aluno de que falo. 

Ainda segundo Cadima (1995), a aceitação da diversidade e pluralismo exige um desenvolvimento de uma pedagogia diferenciada que valorize o sentido social das aprendizagens, que permita gerir as diferenças do grupo, no seio do próprio grupo e, através das capacidades que cada membro tem.

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