Reflexão Final

O uso de e-portefólios em educação constitui uma estratégia, que tem cindo a procurar corresponder à necessidade de aprofundar o conhecimento sobre a relação ensino-aprendizagem de modo a assegurar-lhe uma cada vez melhor compreensão e, desse modo, mais elevados índices de qualidade.
Cada mensagem/tópico deste blog decorre da reflexão partilhada sobre as práticas desenvolvidas no Contexto da disciplina de Relações Interpessoais, sob a coordenação da Professora Luísa Aires.
Cada um destes tópicos constitui-se como uma comunidade de aprendizagem que, através da reflexão sistemática sobre as práticas desenvolvidas, procurei consciencializar quer o conhecimento que delas emergi, quer a natureza e a importância das estratégias que facilitaram a sua compreensão.
Os objectivos propostos para esta disciplina foram:
  • Identificar agentes, intencionalidades e especificidades contextuais das interacções em âmbitos educativos e formativos.
  • Analisar as relações interpessoais, em contexto educativo, à luz das despectivas sistémica e dialógica.
  • Conhecer dimensões fundamentais do conflito e do bullying, em contextos educativos.
  • Conhecer formas de intervenção para uma cultura de convivência em âmbitos educativos

Inicialmente começamos por reflectir sobre as vantagens e limitações que a estratégia de um portefólio reflexivo apresenta em múltiplos aspectos e dimensões da aprendizagem, enquanto construção do conhecimento e, desta, enquanto condição de desenvolvimento pessoal e profissional dos participantes. Para a criação do meu e-portefólio utilizei a aplicação disponibilizada pelo Blogspot.
Posteriormente formam propostos o debate a realização de alguns trabalhos acerca dos seguintes temas:
  • Relações Interpessoais: Afiliação; Vinculação; Padrões relacionais;
  • Abordagem comunicativa das relações interpessoais: Interacionismo simbólico; Escola de Palo Alto;
  • Agentes, intencionalidades e contextos educativos: uma abordagem dialógica das interações;
  • Conflito e intervenção para o desenvolvimento na e da escola;
  • Comunidades, e actividade conjunta em cenários educativos virtuais.

Da metodologia adoptada nesta disciplina prevaleceu a aprendizagem auto-crítica, complementada com a aprendizagem colaborativa e cooperativa. O estudo individual pressuponha a aquisição e leitura crítica dos materiais propostos. Realizei ainda reflexões individuais e em grupo que me permitiram participar de uma forma activa nos grupos de discussão. A plataforma Moodle, bem como o Portefólio criado foram os ambientes tecnológicos privilegiados para a promoção das aprendizagens.
Debruçando-me na realização das intervenções nos fóruns respectivos, reflexões individuais e em grupo e no portefólio criado consegui adquirir as competências propostas. Além disso no decorrer do semestre identifiquei as ideias centrais dos documentos explorados; aprofundei as questões estudadas e contribui com novos pontos de vista, apresentando sempre pesquisa pessoal adequada, bem como dinamizando os colegas e a discussão; tive sempre o cuidado de apresentar as actividades propostas com coerência e rigor, estruturando sempre os argumentos de forma coerente, colaborando sempre que possível com os meus pares.
Reconheço que a falta de tempo, e o trabalho contínuo na escola, nem sempre me permitiram dispor do tempo que gostaria para esta unidade curricular, no entanto com esforço, dedicação e muita motivação atingi os objetivos e competências propostas. Os conteúdos abordados em muito me ajudarão no desenvolvimento da minha profissão.

CONFLITO E INTERVENÇÃO NAS ESCOLAS

Aqui podem visualizar uma apresentaçao sobre o Bullying nas escolas...
 

O bullying  é um problema grave que pode afectar seriamente a habilidade das crianças progredirem a nível académico e social.
É importante que as escolas se organizem para prevenir e reduzir o mal-estar que as práticas agressivas causam a muitas crianças. Deve, também, ter em conta o melhoramento dos espaços livres, espaços estes onde se tem verificado maior ocorrência de práticas agressivas. 
Na medida em que as escolas são um veículo para a criação de valores, estas devem estar atentas às mensagens que veiculam - é importante que não transmitam uma ideia de indiferença em relação ao sofrimento dos outros, proporcionando mais atenção às vítimas e aos agressores.
Em meu entender, seria importante neste aspecto criar um gabinete de apoio de crianças com problemas e não voltados predominantemente para a orientação escolar, como funcionam na sua maioria. Antes de serem orientados numa futura profissão parece-me mais importante a sua orientação como pessoas e cidadãos.
Entendo que o combate ao fenómeno da agressividade/violência/vitimação tem uma dimensão de carácter intrínseco que passa por actividades ligados ao currículo não formal capazes de mobilizar alunos. Por outro lado, a influência que certos factores extrínseco podem desempenhar, como a dimensão da escola e a existência de supervisão relativamente às actividades dos alunos.
Esta perspectiva leva-me a considerar a importância do interaccionismo simbólico devido à ênfase que coloca na importância da criação de sentimentos de pertença entre os elementos da comunidade escolar.


Tutoria nas Escolas

São diversas as situações em que se faz sentir a necessidade de um aluno ser acompanhado por um professor tutor, tais como: dificuldades de integração na escola ou na turma; comportamentos altamente perturbadores, nas aulas ou noutros espaços da escola; grandes necessidades educativas especiais.

A existência de professores tutores é tão necessária quão difícil é o exercício do cargo. A boa vontade e o voluntarismo com que os professores se lhe entregam esbarram com um sem número de dificuldades. Começa-se pela formação insuficiente. Continua-se pela busca de estratégias mais adequadas a cada situação, num campo de intervenção que só agora começa a dar os primeiros passos. O desejo de ver os jovens a alcançarem sucesso faz com que, frequentemente, se definam objetivos muito difíceis de alcançar, gerando-se, depois, o desânimo. Há que se ser cauteloso e paciente. Por exemplo: se um aluno é muito pouco assíduo, primeiro é necessário conseguir fazê-lo frequentar as aulas. Só depois se parte para a definição de novos objetivos, com o cuidado de manter a assiduidade anteriormente alcançada.

É também necessária uma grande colaboração entre todos os serviços e recursos que possam estar envolvidos, quer sejam da escola (o Serviço de Psicologia e Orientação, os professores do Ensino Especial, a sala de estudo, os clubes, os animadores de recreio), quer sejam exteriores a ela (o Instituto de Reinserção Social, os Centros de Saúde locais, etc.). Sempre que for possível, a colaboração da família é também de vital importância. Dentro da escola é preciso envolver, em primeiro lugar, o conselho de turma. Os restantes serviços e recursos a envolver serão selecionados conforme as características de cada caso.

Ao professor tutor pede-se que dê um acompanhamento mais atento e mais próximo a um aluno ou a um grupo de alunos. Essa tarefa só pode obter sucesso se ele souber definir bem as prioridades e promover um trabalho de cooperação com todos quantos nele devem ser envolvidos. É também fundamental que ele consiga estabelecer empatia com o(s) aluno(s) a seu cargo, sem com ele(s) e com os seus problemas se identificar, já que muitas vezes a carga emocional se torna demasiado pesada.

Nas nossas escolas, o professor Tutor é muito utilizado no Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF).
A característica fundamental de um sistema tutorial é cumprir a função de elemento de ligação entre a instituição que oferece os cursos e os alunos. A finalidade primária é diminuir a sensação de abandono que eles podem sentir no desenvolvimento das atividades propostas.
Seguindo esta linha de raciocínio, o sistema de tutoria e os tutores devem estar capacitados a captarem as expectativas, necessidades, interesses, formas de aprender e falhas de aproveitamento do aluno.
Cabe aos tutores as funções de:
Motivar e despertar o interesse dos alunos no desenvolvimento das práticas propostas;
Orientar o aluno nas dificuldades que eles encontrem mantendo contato estreito com os professores especialistas;
Avaliar de forma contínua o progresso dos estudantes sob sua responsabilidade;

Conclui-se assim que a acção tutelar constitui uma forma de intervenção, seguindo um plano de acção/intervenção proposto. Após conhecer a metodologia geral de intervenção, o tutor deve considerar quais as suas grandes áreas de orientação: a orientação profissional, as estratégias de aprendizagem, a prevenção e o desenvolvimento integral do aluno.

Princípios Vinculados e Exemplos da Prática Profissional



Segundo Watzlawick, existem 5 axiomas na sua teoria da comunicação entre dois indíviduos. Se um destes axiomas por alguma razão não funcionar, a comunicação pode falhar.
  • É impossivel não se comunicar: Todo o comportamento é uma forma de comunicação. Como não existe forma contrária ao comportamento ("não-comportamento" ou "anticomportamento"), também não existe "não-comunicação". Então, é impossível não se comunicar.
  • Toda a comunicação tem um aspecto de conteúdo e um aspecto de relação: Isto significa que toda a comunicação tem, além do significado das palavras, mais informações. Essas informações são a forma do comunicador dar a entender a relação que tem com o receptor da informação.
  • A natureza de uma relação está dependente da pontuação das sequências comunicacionais entre os comunicantes: Tanto o emissor como o receptor da comunicação estruturam essa comunicação de forma diferente, e dessa forma interpretam o seu próprio comportamento durante a comunicação dependendo da reacção do outro.
  • Os seres humanos comunicam de forma digital e analógica: Para além das próprias palavras, e do que é dito (comunicação digital), a forma como é dito (a linguagem corporal, a gestão dos silêncios, as onomatopeias) também desempenham uma enorme importância - comunicação analógica.
  • As permutas comunicacionais são simétricas ou complementares, segundo se baseiem na igualdade ou na diferença
Quando disse: o conteúdo de uma mensagem consiste em qualquer coisa que é comunicável, independentemente da informação ser válida ou não. Estava a referir-me ao facto de o aluno estar a omitir a informação correcta, ou seja, mentiu. Mas isso não impede que não haja comunicação. Houve comunicação, mas a informação transmitida pelo aluno não era válida. Se a informação transmitida não for válida, a comunicação falha?

Rejeição nas Escolas

Como exemplo de rejeição vou deixar o exemplo de uma escola que foi notícia à quatro anos por rejeição de uma turma cigana.

Esta notícia pode ser visualizada em: http://tv1.rtp.pt/noticias/?article=60121&visual=3&layout=10

E qual transcrevo para aqui:

A EB 2/3 Augusto Moreno foi acusada de "ignorância" pelo então ministro da Educação, David Justino, e de atitude "criminosa" pelo movimento SOS-Racismo.
A polémica arrastou-se por mais de um mês e obrigou à intervenção da Direcção Regional de Educação do Norte.
Em causa estava uma turma do Programa Integrado de Educação e Formação (PIEF), que tinha como finalidade combater o abandono escolar, fazendo regressar às salas de aulas jovens com problemas.
A associação de pais da escola convocou uma assembleia geral em que decidiu impedir os restantes alunos - cerca de 500 - de irem às aulas, se aquela turma ficasse naquele estabelecimento de ensino.
Soube-se mais tarde que afinal dos 19 alunos da turma problemática e rejeitada apenas sete eram de etnia cigana e que todos tinham em comum uma história de vida com problemas e abandono escolar.
O Programa Integrado de Educação e Formação propunha para estes jovens programas alternativos, diferentes dos habituais currículos escolares, com actividades complementares, por forma a garantir um mínimo de conhecimento.
Mas desde Setembro de 2003, no início do ano lectivo, até Janeiro de 2004, que a turma problemática de Bragança vinha sendo rejeitada por vários estabelecimentos de ensino.
A Escola EB 2/3 Augusto Moreno foi a última a recusar a sua integração e a que ganhou maior visibilidade pela tomada posição dos pais.
Aquele estabelecimento acabou por ficar com os jovens, prometendo liderar um projecto, em conjunto com outras entidades, para "ir buscar todas as crianças que se encontram afastadas da comunidade escolar".
O anúncio foi feito pelo então director de Educação Regional do Norte, Lino Ferreiro, sem mais declarações nem dos pais, nem dos órgãos directivos da escola.

Reciprocidade nas Escolas

Mais do que uma ideia especulativa, reciprocidade é uma prática que passa a existir quando as pessoas estabelecem uma relação como sujeitos portadores de dignidade a partir da qual compartilham de uma diversidade que é e que se torna cada vez mais rica. 


 
O termo “reciprocidade” que se tem usado e se usa de diferentes maneiras e em distintos contextos é, antes de tudo, uma atitude que se aprende e que é pouco a pouco interiorizada. Tomada como uma categoria antropológica a reciprocidade faz referência ao personalismo. Em sua base está a valorização da diferença e da especificidade como categoria interpretativa fundadora da responsabilidade que ajuda a conjugar a diversidade e a igualdade na relação humana.
Cada vez mais a questão da reciprocidade é importante nas escolas, e no ser-professor, em particular. É importante saber cativar e motivar os nossos alunos, ensinando-lhes a ver a vida como um cenário cooperativo, e não competitivo; baseando-se no paradigma que há muito para todos, e que uma pessoa não consegue o próprio êxito excluindo o dos outros.
A reciprocidade dá-se precisamente quando no respeito à diferença, são geradas a valorização, a aceitação mútua e o consenso.
Todos nós como professores, e eu, em particular já tivemos na sala de aula alunos com maneiras de ser diferentes, com necessidades educativas especiais e outras situações. Na minha turma de Técnicos de Multimédia temos um aluno que inicialmente tinha uma auto-estima muito baixa, não era muito bem aceite pelos outros, e a sua dimensão social é muito diferentes dos outros alunos da turma. O Conselho de Turma reunião… Este aluno foi reencaminhado para o Psicólogo da escola, e tentaram-se algumas soluções para o conseguir reintegrar na turma. O Psicólogo, em conjunto com os professores, tentou com que este aluno fosse mais autónomo, dando-lhe a conhecer quais as suas possibilidades e os seus limites. Tentamos com que a turma tivesse mais cuidado com o aluno, aceitando-o tal como é, estabelecendo entre eles relações interpessoais de entendimento, de amizade e compreensão. No decorrer das aulas tentou-se dar mais valor às suas atitudes e dialogar mais com ele.
Tentou-se, no decorrer das aulas que houvesse uma relação de respeito e diálogo entre colegas, levando os outros colegas da turma a interessarem-se por os problemas deste aluno, aceitando-o tal como é.
Os alunos perceberam que as relações de reciprocidade ajudam a desenvolver e potencializar os recursos individuais e isso, sem dúvida, melhora a qualidade da vida social, educativa e ajuda as pessoas a reconhecerem-se semelhantes e distintas. A verdade é que o aluno conseguiu integrar-se na turma, e o mais importante… Ser aceite pelos colegas… Actualmente, é dos alunos com melhores notas, principalmente nas disciplinas técnicas. Revelou-se um aluno muito esforçado e com muito potencial.
Como base da reciprocidade devemos ter sempre presente esta afirmação:
O educador autêntico participa da vida dos jovens, interessa-se por seus problemas, procura entender como eles vêem as coisas, toma parte em suas atividades desportivas e culturais, em suas conversas; como amigo maduro e responsável oferece caminhos e metas de bem, está pronto a intervir para esclarecer problemas, indicar critérios e corrigir com prudência e amável firmeza valores e comportamentos censuráveis. Em tal clima de presença pedagógica o educador não é visto como superior, senão como pai, irmão e amigo (PAULO II, 1988, p.13).