Reciprocidade nas Escolas

Mais do que uma ideia especulativa, reciprocidade é uma prática que passa a existir quando as pessoas estabelecem uma relação como sujeitos portadores de dignidade a partir da qual compartilham de uma diversidade que é e que se torna cada vez mais rica. 


 
O termo “reciprocidade” que se tem usado e se usa de diferentes maneiras e em distintos contextos é, antes de tudo, uma atitude que se aprende e que é pouco a pouco interiorizada. Tomada como uma categoria antropológica a reciprocidade faz referência ao personalismo. Em sua base está a valorização da diferença e da especificidade como categoria interpretativa fundadora da responsabilidade que ajuda a conjugar a diversidade e a igualdade na relação humana.
Cada vez mais a questão da reciprocidade é importante nas escolas, e no ser-professor, em particular. É importante saber cativar e motivar os nossos alunos, ensinando-lhes a ver a vida como um cenário cooperativo, e não competitivo; baseando-se no paradigma que há muito para todos, e que uma pessoa não consegue o próprio êxito excluindo o dos outros.
A reciprocidade dá-se precisamente quando no respeito à diferença, são geradas a valorização, a aceitação mútua e o consenso.
Todos nós como professores, e eu, em particular já tivemos na sala de aula alunos com maneiras de ser diferentes, com necessidades educativas especiais e outras situações. Na minha turma de Técnicos de Multimédia temos um aluno que inicialmente tinha uma auto-estima muito baixa, não era muito bem aceite pelos outros, e a sua dimensão social é muito diferentes dos outros alunos da turma. O Conselho de Turma reunião… Este aluno foi reencaminhado para o Psicólogo da escola, e tentaram-se algumas soluções para o conseguir reintegrar na turma. O Psicólogo, em conjunto com os professores, tentou com que este aluno fosse mais autónomo, dando-lhe a conhecer quais as suas possibilidades e os seus limites. Tentamos com que a turma tivesse mais cuidado com o aluno, aceitando-o tal como é, estabelecendo entre eles relações interpessoais de entendimento, de amizade e compreensão. No decorrer das aulas tentou-se dar mais valor às suas atitudes e dialogar mais com ele.
Tentou-se, no decorrer das aulas que houvesse uma relação de respeito e diálogo entre colegas, levando os outros colegas da turma a interessarem-se por os problemas deste aluno, aceitando-o tal como é.
Os alunos perceberam que as relações de reciprocidade ajudam a desenvolver e potencializar os recursos individuais e isso, sem dúvida, melhora a qualidade da vida social, educativa e ajuda as pessoas a reconhecerem-se semelhantes e distintas. A verdade é que o aluno conseguiu integrar-se na turma, e o mais importante… Ser aceite pelos colegas… Actualmente, é dos alunos com melhores notas, principalmente nas disciplinas técnicas. Revelou-se um aluno muito esforçado e com muito potencial.
Como base da reciprocidade devemos ter sempre presente esta afirmação:
O educador autêntico participa da vida dos jovens, interessa-se por seus problemas, procura entender como eles vêem as coisas, toma parte em suas atividades desportivas e culturais, em suas conversas; como amigo maduro e responsável oferece caminhos e metas de bem, está pronto a intervir para esclarecer problemas, indicar critérios e corrigir com prudência e amável firmeza valores e comportamentos censuráveis. Em tal clima de presença pedagógica o educador não é visto como superior, senão como pai, irmão e amigo (PAULO II, 1988, p.13).

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